Correios lucram bilhões e têm potencial para crescer mais, por isso o governo quer dá-lo de presente ao setor privado
Publicada dia 04/08/2021 14:27
Em 20 anos foram R$ 12,4 bilhões de lucro, 73% desse repassado à União para investimentos em outras áreas, dinheiro que o governo quer entregar nas mãos de empresas privadas e prejudicar o país e o povo
Os Correios são e sempre foram enormemente lucrativos. Nos últimos 20 anos, repassaram 73% dos resultados positivos acumulados ao governo federal, que passaram de R$ 12,4 bilhões.
As dificuldades entre 2013 e 2016 aconteceram principalmente por causa de uma mudança contábil que obrigou a empresa a garantir mais recursos para futuras aposentadorias.
Atualmente o governo não investe e não contrata, para forçar queda de qualidade e criar ambiente para a privatização. Mesmo assim os Correios seguem líder do setor postal e dando lucros vultosos.
Para uma empresa do porte da ECT, seus resultados são enormes em relação ao valor investido. Segundo o último Boletim das Participações Societárias da União, os Correios tiveram o terceiro melhor desempenho em retorno sobre o patrimônio líquido (69,5%), à frente da Caixa (37%), do Banco do Brasil (18,1%), do BNDES (16,9%), da Eletrobras (15,1%) e da Petrobras (13,6%).
Lucrar ou prestar serviços à sociedade?
O papel do Estado é investir em áreas de interesse público que têm retorno social, como saúde, educação, saneamento e setor postal, por exemplo. Lucrar não é o objetivo principal, porque há arrecadação social através de impostos para prestar esses serviços essenciais à população.
O monopólio de correspondências dos Correios foi criado para possibilitar o subsídio cruzado e o atendimento postal igualitário e universalizado, ou seja, a toda a população. E a empresa não só conseguiu dar conta do recado, como criou uma estrutura capaz de gerar lucros e dividendos.
Para quê vender então?
E ainda mais nas condições colocadas no PL 591/21, de venda total da empresa, o que possibilita ao comprador fazer o que quiser, inclusive ignorar entregas mais complicadas, em locais não lucrativos e cobrar preços bem mais altos.
Para Marcio Pochmann, professor da Unicamp, “o governo não tem um projeto de país. Estamos vivendo o ‘presentismo’, vendendo o almoço para comprar o jantar. Estamos cancelando o futuro.”
No caso dos Correios, o investimento público seria necessário para garantir a entrega de correspondências em todo o território nacional a preços acessíveis. De acordo com Pochmann, a ideia de que o setor privado é mais eficiente do que o público foi por água abaixo após a crise internacional de 2008, quando governos tiveram que injetar bilhões de dólares para salvar empresas.